Taxonomia de Blum: como usar na educação?

A Taxonomia de Blum — […]

21 de junho de 2024

A Taxonomia de Blum — ou Taxonomia de Bloom — é uma ferramenta educacional poderosa e amplamente utilizada para melhorar o ensino e a aprendizagem. 

Desenvolvida nos anos 1950 por Benjamin Bloom e colaboradores, esta taxonomia classifica os objetivos educacionais em diferentes níveis de complexidade. Em 2001, ela foi revisada para se adaptar às novas demandas educacionais. 

Neste artigo, exploraremos o que é, suas origens, diferenças entre a versão original e a revisada, utilidade na educação, benefícios, estrutura e como aplicá-la na prática. Acompanhe!

 

O que é a Taxonomia de Bloom?

Crianças em sala de aula com as mãos levantadas para fazer perguntar para o professor.

A Taxonomia de Bloom é uma classificação hierárquica dos objetivos de aprendizagem. Ela foi criada para ajudar educadores a planejar, avaliar e organizar o ensino de maneira mais eficaz. 

Originalmente, Bloom e seus colaboradores focaram no domínio cognitivo, que envolve processos mentais como lembrar, entender, aplicar, analisar, avaliar e criar. Além do domínio cognitivo, a taxonomia também aborda os domínios afetivo e psicomotor.

 

Para que serve a Taxonomia de Bloom?

A Taxonomia de Bloom serve para organizar e categorizar os objetivos educacionais, facilitando o planejamento e a avaliação do ensino. Ela oferece uma estrutura clara para desenvolver habilidades cognitivas, afetivas e psicomotoras, promovendo um aprendizado mais profundo e significativo. 

Com essa taxonomia, educadores podem definir objetivos claros, selecionar métodos de ensino adequados e criar avaliações que medem o progresso dos alunos em diferentes níveis de complexidade.

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O que é a tabela bidimensional da Taxonomia de Bloom?

A tabela bidimensional da Taxonomia de Bloom, introduzida na revisão de 2001, combina as dimensões do conhecimento (factual, conceitual, procedimental e metacognitivo) com os processos cognitivos (lembrar, entender, aplicar, analisar, avaliar e criar). 

Essa tabela ajuda educadores a alinhar objetivos de aprendizagem com atividades e avaliações específicas, garantindo que os alunos desenvolvam uma compreensão profunda e abrangente dos conteúdos. Veja um exemplo abaixo:

 

Processo Cognitivo / Conhecimento Factual Conceitual Procedimental Metacognitivo
Lembrar Listar datas importantes da história Definir termos científicos Descrever os passos de um procedimento Recordar estratégias de estudo eficazes
Entender Explicar a teoria da evolução Interpretar gráficos de matemática Explicar como realizar um experimento Resumir os próprios pontos fortes e fracos
Aplicar Usar fórmulas matemáticas em problemas Aplicar teoria em casos específicos Executar um experimento de laboratório Aplicar estratégias de estudo em novos contextos
Analisar Diferenciar elementos de uma célula Comparar diferentes teorias Analisar os resultados de um experimento Avaliar a eficácia de diferentes estratégias de estudo
Avaliar Criticar uma obra literária Julgar a validade de uma argumentação Avaliar a eficiência de um método Autoavaliar o progresso no aprendizado
Criar Elaborar uma linha do tempo histórica Desenvolver uma nova teoria Propor um novo experimento Planejar uma estratégia de estudo personalizada

 

 

Como a Taxonomia de Bloom foi adaptada para o século XXI?

Em 2001, a Taxonomia de Bloom foi revisada por um grupo de psicólogos cognitivos, educadores e especialistas em avaliação, liderados por Lorin Anderson, um dos ex-alunos de Bloom. 

As principais mudanças incluíram a renomeação e reorganização das categorias cognitivas, a introdução da tabela bidimensional e a ênfase no desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e criativo. 

As categorias foram modificadas de substantivos para verbos para refletir melhor a natureza ativa do processo de aprendizagem.

 

Quais são os 3 grandes domínios da Taxonomia de Bloom?

Estudante universitário com mochila nas costas folheando livro de capa dura em biblioteca.

A Taxonomia de Bloom é composta por três grandes domínios:

 

1. Domínio Cognitivo

  • Lembrar: reconhecer e recordar informações. Exemplo: Listar os principais eventos históricos;
  • Entender: compreender o significado das informações. Exemplo: Explicar os conceitos de um texto;
  • Aplicar: usar o conhecimento em novas situações. Exemplo: Resolver problemas matemáticos usando fórmulas aprendidas;
  • Analisar: dividir informações em partes e compreender suas relações. Exemplo: Comparar diferentes teorias científicas;
  • Avaliar: julgar o valor e a relevância das informações. Exemplo: Criticar um argumento apresentado em um ensaio;
  • Criar: produzir algo novo ou original usando o conhecimento adquirido. Exemplo: Projetar um experimento científico.

 

2. Domínio Afetivo

  • Receber: estar disposto a prestar atenção. Exemplo: Ouvir atentamente durante uma aula;
  • Responder: participar ativamente e reagir. Exemplo: Participar de discussões em sala de aula;
  • Valorizar: atribuir valor e importância às informações. Exemplo: Demonstrar apreço por diferentes culturas;
  • Organizar: integrar valores em um sistema de crenças. Exemplo: Articular uma posição sobre questões éticas;
  • Caracterizar: adotar valores consistentemente em comportamentos. Exemplo: Praticar a honestidade em todas as situações.

 

3. Domínio Psicomotor 

  • Percepção: reconhecer estímulos e reagir a eles. Exemplo: Detectar mudanças na pressão de um objeto ao tocar;
  • Disposição: mostrar prontidão para realizar tarefas. Exemplo: Preparar-se para uma atividade física;
  • Guiar por exemplo: executar tarefas seguindo instruções. Exemplo: Montar um equipamento conforme o manual;
  • Mecanizar: realizar tarefas de maneira habitual e eficiente. Exemplo: Digitar rapidamente no teclado;
  • Complexo Overt: executar tarefas complexas com destreza. Exemplo: Realizar uma cirurgia com precisão;
  • Adaptar: modificar ações em resposta a novas situações. Exemplo: Ajustar uma técnica de pintura ao tipo de tela;
  • Originar: criar novos movimentos ou padrões de comportamento. Exemplo: Desenvolver uma nova coreografia.

 

Quais são as vantagens da Taxonomia de Bloom?

A Taxonomia de Bloom oferece uma série de vantagens que a tornam uma ferramenta valiosa para educadores na promoção de um ensino e aprendizagem mais eficazes. 

 

Veja, a seguir, algumas das principais:

 

Promove um aprendizado mais completo

A taxonomia incentiva o desenvolvimento de diferentes níveis de pensamento, desde a memorização até a criação e inovação. Isso garante que os alunos não apenas memorizem informações, mas também desenvolvam habilidades críticas e criativas.

 

Ajuda a planejar e definir objetivos de aprendizagem

A Taxonomia de Bloom fornece uma estrutura clara para definir objetivos educacionais. Educadores podem usar essa estrutura para garantir que seus objetivos abrangem uma gama completa de habilidades, desde o básico até o avançado.

 

Auxilia na escolha de ferramentas e estratégias pedagógicas

Com a taxonomia, os professores podem selecionar métodos de ensino e recursos que atendam aos objetivos de aprendizagem em todos os domínios. Isso inclui escolher atividades que desenvolvam habilidades cognitivas, afetivas e psicomotoras.

 

Permite avaliar o aprendizado de forma contínua

A Taxonomia de Bloom facilita a criação de avaliações que medem o desempenho dos alunos em diferentes níveis de complexidade cognitiva. Isso ajuda a garantir que os alunos estão progredindo em todas as áreas necessárias.

 

Estimula o desenvolvimento de diversas habilidades

A taxonomia promove o crescimento equilibrado das habilidades cognitivas, afetivas e psicomotoras dos alunos. Isso garante uma formação mais completa e preparada para os desafios do mundo real.

 

Como desenvolver a Taxonomia de Bloom na prática?

Aluna de ensino fundamental em sala de aula escrevendo em um caderno.

Sua implementação requer uma abordagem estratégica que integra o planejamento de objetivos educacionais, a criação de atividades didáticas e a avaliação do aprendizado. 

Veja, a seguir, algumas etapas práticas para desenvolver a taxonomia no ambiente educacional.

 

Definir objetivos de aprendizagem

Utilizar a Taxonomia de Bloom para formular objetivos claros e específicos que abrangem todos os níveis cognitivos. Por exemplo, ao planejar uma aula de ciências, definir objetivos que vão desde lembrar informações básicas sobre células até criar modelos de células.

 

Planejar atividades educacionais

Desenvolver atividades que incentivem os alunos a progredir através dos níveis da taxonomia. Por exemplo, em uma aula de história, iniciar com atividades que ajudem os alunos a lembrar fatos históricos, avançar para análises de eventos históricos e culminar em projetos que exigem a criação de apresentações sobre como esses eventos impactam o presente.

 

Avaliar o progresso dos alunos

Criar avaliações que medem o desempenho dos alunos em diferentes níveis de complexidade cognitiva, utilizando a tabela bidimensional como guia. Por exemplo, utilizar questionários para avaliar o conhecimento factual e projetos para avaliar a aplicação e criação.

 

Integrar a taxonomia no currículo

Incorporar a Taxonomia de Bloom no planejamento curricular para garantir uma abordagem abrangente e equilibrada do ensino. Isso pode envolver o uso de unidades temáticas que abordem múltiplos níveis de complexidade e múltiplos domínios.

Saiba mais: Componentes curriculares: o que são e para o que servem?

Exemplos de aplicação da Taxonomia de Bloom

Exemplo 1: aula de Ciências
  • Lembrar: pedir aos alunos que listem os componentes da célula;
  • Entender: solicitar que expliquem a função de cada componente celular;
  • Aplicar: realizar uma experiência prática para observar células no microscópio;
  • Analisar: comparar células animais e vegetais, identificando semelhanças e diferenças;
  • Avaliar: pedir que os alunos escrevam um relatório avaliando a importância de cada componente celular;
  • Criar: desafiar os alunos a criar um modelo 3D de uma célula com materiais recicláveis.
Exemplo 2: aula de História
  • Lembrar: solicitar aos alunos que listem os principais eventos da Revolução Francesa;
  • Entender: pedir que expliquem as causas e consequências da Revolução Francesa;
  • Aplicar: analisar documentos históricos para entender a perspectiva das pessoas da época;
  • Analisar: comparar a Revolução Francesa com outras revoluções, como a Americana;
  • Avaliar: discutir em grupo o impacto da Revolução Francesa no desenvolvimento da democracia moderna;
  • Criar: pedir aos alunos que criem uma apresentação multimídia sobre a influência da Revolução Francesa nos direitos humanos.

 

Conclusão

A Taxonomia de Bloom é uma ferramenta poderosa para educadores que desejam promover um aprendizado profundo e significativo. 

Ao entender e aplicá-la, é possível alinhar o currículo com as melhores práticas pedagógicas, implementar ferramentas avaliativas eficazes e fornecer um suporte eficiente para a equipe docente. 

Utilizando a taxonomia, podemos garantir que nossos alunos desenvolvam uma ampla gama de habilidades essenciais para o sucesso acadêmico e pessoal.

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